Tuesday, February 02, 2016

mudanças

     Não vai ter glória. Não vai ter nem ao menos um computador e uma escrivaninha com uma cadeira para que eu possa sentar e escrever com calma tudo o que quero. Vai acabar como começou, do nada. A questão é se serviu para alguma coisa ou não.

     Cheguei aos 26 anos e o mundo me parece estranho. Tenho um tablet no qual tenho uma tela e um teclado. Não tenho ninguém para me fazer companhia. Parece a epidemia dos tempos ditos modernos, somos todos solitários conectados por um sinal de internet.

     Morei quase um ano em uma cidade nova. Longe da cidade na qual nasci e cresci, longe da minha família, longe de qualquer rosto conhecido nesses meus anos de vida. Longe dos lugares que cultivei apreço. Longe da avenida principal da minha cidade natal na qual eu costumava correr. Mudar de cidade não só tira o seu chão conhecido mas tira suas certezas. Você chega em uma cidade nova sem saber para onde ir, chega em um lugar que não prometeu nada e tem que seguir seus dias sem a certeza de que as coisas vão dar certo ali.

     Acho arriscado o conceito do tudo-novo. Admiro o desprendimento de quem joga seus planos para serem realizados no ano novo, na cidade nova, no namoro novo. Sou cética em inúmeras coisas, mas principalmente em esperar pelo acaso me trazer algo. Muito do acaso é maldoso, ele já trouxe 3 vezes câncer na minha família, já me é suficiente para não confiar a ele meus planos de vida.

     Baixas expectativas são uma dádiva. Desejo nessa vida ter baixas expectativas mais frequentemente. Vim para uma cidade nova com as mesmas esperanças de sempre, me contando a mesma mentira de sempre: o tempo melhora as coisas. Coloquei fé na passagem do tempo, mesmo cética em tantas coisas como sou. Obviamente a mistura de cidade nova com esperanças antigas não combinou nada e acabei com meu humor, com minha saúde e com as lágrimas que eu tinha por chorar.

    Mas esse ano serviu para ensinar, mesmo com sua maneira bruta, que a gente se basta. Certas lições de vida vem com um preço alto, essa foi uma delas. Precisei ficar sem suporte algum para entender que o que me faltava não era nenhum suporte externo mas, sim, resiliência. Aprendi que não há nada que substitua paz de espírito, nada nem ninguém. Aprendi tanta coisa, mas ainda falta aprender a deixar um tantinho de lado meu ceticismo na vida e confiar que seguir a minha intuição pode me fazer mais feliz do que seguir controlada pelo meu medo.

 Vou voltar a morar na minha cidade natal, ao menos por um ano. Vou voltar a morar na casa dos meus pais. Vou voltar a correr na avenida, correndo vou passar pelos mesmos rostos conhecidos e meu coração vai bater mais forte pois mudei tanto, mudei de cidade, mudei o tamanho e a cor do cabelo para, finalmente, entender que eu mesma é que precisava mudar. Nossa casa verdadeira é nosso corpo. Enquanto nossa mente não ser um lar harmonioso nosso corpo vai sofrer e não haverá lugar algum no mundo que tenha sensação de casa.

 

Thursday, September 25, 2014

24 anos

A perfeição não é alcançada quando não há mais nada a ser incluído. A perfeição é alcançada quando não há mais nada a ser retirado.” 
Antoine de Saint-Exupéry
Acho incrível que tantas coisas podem acontecer na velocidade de um piscar de olhos. Só mais incrível do que isso é a relatividade do tempo. Extrapolando conceitos aqui, me encanta mesmo é a relativação de quanto dura cada período da vida. Ontem me parece 2011 -última vez que escrevi aqui. Ontem também me parece 2006. Pisquei e cheguei em 2014.

Desse fluxo de pensamento insano eu levo a certeza que envelheci. Na minha adolescência nunca dei a mínima para quão rápido o ano estava passando. Não se dá importância para a ladainha de falta de tempo quando nos falam repetidamente que temos muita vida pela frente. Até temos. Ainda tenho. Mas se eu olhar para traz vejo que vivi quase um quarto de século. Um quarto de século. Uma quantidade absurda de vida vivida e eu ainda me sinto uma criança.


É que pareço ser a mesma pessoa desde sempre, sabe? Aqui, para mim. 

Não que eu não tenha mudado no espelho, nas condutas, nos gostos e nas escolhas.
Óbvio que mudei.
Mas nossos desejos não envelhecem.
Sigo aqui com mil e uma coisas que gosto desde a infância.
E outras coisas que, verdade seja dita, só gosto porque sou criança.
Que triste é tentar esconder que nossas escolhas são moldadas pelo nosso passado.
É tão patético e tão recorrente tentarmos fingir que somos plenamente maduros. 


Por um bom tempo tentei estabelecer metas de amadurecimento.
Sei lá, qualquer marco que me dissesse o quão responsável, adulta e independente eu sou.
Hoje meio que desisti disso. Amadureci do nada, de uma maneira meio torta e completamente incompleta.
Fico me perguntando se é assim para todo mundo.
Chega a ser um tanto estranho imaginar que todos os adultos que conhecemos um dia já foram adolescentes.

E de tudo o que já me intrigou na vida, sigo sem entender o padrão de armazenamento das nossas memórias. Lembro com requintes de sinestesia de certos momentos assim como descartei como lixo tantos outros. 

Nunca vou entender o que nos faz esquecer e o que nos motiva a lembrar.
Até sei. Sentimentos são a explicação para muita coisa.
Mas daí vem a questão: o que será que nos impulsiona a desenvolver certos sentimentos em determinados momentos moldando uma lembrança tão forte que é capaz de resistir bravamente a quaisquer intempéries decorrentes da passagem dos anos?
Só que, francamente, não pretendo entrar nesse assunto.


O que sei mesmo é que consigo pensar com ternura em todo o tempo que vivi.
Consigo amar t
odos os recortes de vida que a minha memória guarda. Tenho um carinho imenso por mim mesma e pelas decisões que tomei. Todas elas.
Finalmente cheguei em um ponto da minha existência no qual consigo ter um orgulho pleno da pessoa que me tornei.
E tal plenitude advém da aceitação de que meus erros mais absurdos e minhas falhas mais notáveis também são parte fundamental do que eu sou.

E como sempre que chegamos ao fim nos reportamos ao começo, volto à citação do início desse texto:
Conquistei a perfeição aos meus 24 anos. Da minha vida não há nada a ser retirado.

Monday, February 07, 2011

Impasse.



-Tu sabe que se nós terminarmos não vai ser por bobagem. Nós não vamos terminar porque tu falou algo eu achei idiota ou eu usei uma roupa que você não goste.
-Por que nós terminaríamos então?
-Porque nossas personalidades são incompatíveis.
-Tu realmente pensa isso?
-Sim. Tu não percebe que é sempre a mesma merda de história?
Tu não percebe que por mais que a gente se esforce.. a gente sempre acaba aqui dentro do teu carro, sem falar nada com nada e sem saber o que fazer daqui para frente?
O complicado dessa história é que eu te amo de maneira absurda e sempre me disponho a tentar.
E aí a gente tenta, e funciona bem por 3 semanas até surgir outro motivo ridículo e surgir outra briga.. porque somos assim, tu é razão e eu coração (resumindo tudo de uma maneira clichê), então eu te odeio por tu ser grosso, tu fica louco comigo porque eu não digo o porquê da minha cara feia, e eu te odeio mais por tu achar que eu sou algo certo na tua vida e nada, NADA, nada do que tu faça vai mudar o fato de que eu sou tua. E por mais que a gente tente, a gente sempre acaba no mesmo lugar e no mesmo impasse: eu te amo mais do que amei qualquer pessoa que eu conheci na vida mas nós não funcionamos juntos. E eu não sei até quando eu vou conseguir continuar tentando. Eu acho que a gente junto não dá mais certo.
-Então o que tu quer fazer?
-Eu não faço idéia.


Sunday, October 03, 2010

Estranha.


Nada é pior do que tornar-se uma estranha para si mesma.
Sabe quando você se olha no espelho e não reconhece o que vê?
Venho me sentindo assim faz tempo.

Se eu me perguntar: qual a sua paixão?
Eu não sei mais responder.
Não sei mais como me sentir viva,
sentir o coração batendo rápido,
sentir alegria extrema, sentir paixão,
sentir tristeza, sentir amor,
sentir revolta, sentir amizade,
sentir vida, sentir... enfim.

Tudo aquilo que me fazia viver hoje não está na minha vida.
O que me faz viver além do hábito de respirar, comer, tomar banho, estudar, malhar?
Acho que aí mesmo está o problema: hábitos.
Ando tão habituada a viver do mesmo jeito estúpido.
O dia a dia me transformou em tudo que eu odiava (ou fui eu mesma que me transformei nisso?).

Me olho no espelho e me vejo fazendo todos os 'nuncas' que eu prometi de peito estufado em outros tempos.
Nunca vão me fazer de idiota, nunca vou permitir que me tratem com desprezo e desrespeito, nunca vou continuar em um relacionamento que não me faça feliz, nunca vou esperar em casa nenhum homem voltar do futebol, nunca vou ser fraca, nunca vou confundir rotina com amor.
E olha só você, sentada lembrando que já quebrou cada uma das suas promessas.
Sim sua idiota, desprezível, desrespeitada, infeliz e fraca.
É contigo mesmo que eu estou falando.
Cadê tuas certezas? Onde está aquela mulher forte do tipo ninguém-me-faz-de-palhaça?
Espero que ela não tenha morrido, porque eu to louca de saudade dela.

Estou com uma louca saudade de tudo o que você era.
Saudade de como você andava com o queixo para cima,
quando me orgulhava de ti,
quando tu era honesta contigo mesma.
Volta a ser você mesma? Eu imploro.
Não suporto mais ser uma estranha em meu próprio corpo.

Wednesday, June 24, 2009

Vazio.



Tua falta já me dói.
Não te ver, não hesitar antes de te dar um abraço.
Não poder, simplesmente, conversar olhando no teu olho.
Não poder olhar tua alma através dos teus olhos.
São tantas as saudades que já me doem, antes mesmo de você partir.

Hoje, mais do que nunca, eu entendo a dor da despedida.
O desespero em dizer, nem que seja agora, o que eu sempre senti e escondi por orgulho.
Eu sou orgulhosa.
Você sempre soube disso, até porque você sempre me conheceu da maneira mais clara possível.
Eu nunca fiz joguinhos contigo.
E é por isso que digo que te amo, nem que seja agora, com um atraso imenso.
É amor. Eu sei que é amor, nada mais explicaria tudo esse desespero.
Desespero em tentar resgatar, de alguma maneira, todo o tempo que desperdiçamos.

Eu já te falei isso, não era uma hipótese ficar longe de ti.
Era sempre eu e você, lado a lado.
Podíamos brigar, discutir pelas causas mais sérias ou mais banais..
Podíamos ser os maiores babacas do universo, mas estávamos no mesmo espaço físico.
Nos víamos, todo o dia, querendo ou não.
E, do nada, surge você me comunicando que o destinho não deixa escolha, você vai partir.

Mas, adivinha só, eu não quero.
Não quero que você vá.
Vou bater o pé, fazer bico, afinal de contas, você que é o culpado.
Sim. Ninguém mandou você me acostumar tão mal.
Ninguém mandou você ter um cafuné viciante,
um olhar tão sincero,
um abraço tão perfeito, e um jeito de me fazer rir com qualquer bobagem que é só teu.
Tua culpa, mesmo.
Você fez eu te amar, e agora o destino quer me tirar de ti?
Não é justo!

Se você for embora, meu coração não vai ficar vazio.
Você sempre estará no meu coração, isso é fato.
Mas meus olhos vão sofrer com o vazio,
o vazio de olhar para o lado e não te ver ali.
E eu vou chorar, pela tua ausência, pelo vazio que ficou em seu lugar.

Despedidas devem servir para isso mesmo,
para parar e pensar o que diabos tem sido feito com o tempo que está passando,
e com as oportunidades que estão sendo perdidas.
Eu não me conformo, não consigo admitir que passamos tanto tempo brigando por coisas tão pequenas.
Não me conformo com a quantia de tarde ensolaradas que perdemos,
a quantia de beijos que deixamos de dar,
e os 'te amo' que deixamos de dizer.

Antes que seja tarde, volta aqui, me dá um abraço.
Deixa eu te falar que te amo, mais uma vez.
Permita que os meus olhos tenham a horna, de mais uma vez, simplesmente olharem você.

Saturday, June 13, 2009

encanto.


Eu acho que viver é isso mesmo,
é se jogar em busca dos sonhos.

É permitir que os sentimentos levem você para o céu,
implorando para que eles não façam você cair no chão.

Vida mesmo é perder o folego,
é encantar-se, é sorrir, é ser surpreendida,
é amar, é amar, é amar!

Sunday, May 17, 2009

Amor-amigo.


Você não sabe nem de um décimo do que eu sinto por você.
Não sabe mesmo.
Talvez até imagine que por trás das minhas birras, rodeios, chiliques tem algum sentimento.
Mas você está longe de saber as proporções dele.

É um inferno que você me conheça tão bem como você conhece.
Fingir algo para você é complicadíssimo.
Você sabe que por trás de certos sorrisos meus existe insegurança.
Conhece decor minhas manias.
Sabe dos meus medos, sabe das brigas com meu pai,
do meu amor incondicional pelos meus irmãos,
que a minha mãe é a minha melhor amiga.
Sabe meu medo extremo de compromisso, da minha ausente auto-estima,
sabe da minha paixão por tudo que é rosa.
Sabe meu jeito cor-de-rosa de ver o mundo.
Até meus sonhos para o futuro você conhece. Conhece todos meus sonhos, por sinal.
Sinceramente, as vezes você sabe mais do que qualquer outra pessoa...
e eu gosto de pensar que você sabe tanto sobre mim porque presta mais atenção em mim do que qualquer outra pessoa.

Eu não sei se com qualquer outra pessoa eu iria ficar até as 5 da manhã conversando no msn e não ver o tempo passar.
É impressionante como você conquistou um espaço na minha vida, sem ao menos eu perceber.
Eu não sei como eu me sinto tão a vontade com você, me sinto tão eu mesma.
Quando eu penso no ano passado, não tem como não pensar em você.
Quando eu penso nos momentos de angústia, eu lembro de você ao meu lado, segurando a minha mão e me fazendo rir.
Me fazendo companhia, apenas.
Quando companhia era tudo que eu precisava, quando eu precisava que alguém me entendesse.
E, adivinha só, você me entende. Sempre me entendeu, ou fez o melhor que podia para entender uma menina tão complicada como eu.

E eu também te conheço.
Afinal, fazem meses que você não é meramente 'mais um'.
Faz tempo que suas idéias me interessam.
Que eu presto atenção nos teus ataques de raiva.
Que eu escuto você falar de coisas que eu discordo completamente.
Eu sei da tua insegurança, também sei como você é quando está de mau humor.
Eu conheço teus detalhes.

Um dia ouvi que o amor era a amizade em chamas.
Acho que não existe nenhuma frase que consiga resumir mais tudo o que passou entre nós.
Você sempre foi meu amigo. E aos poucos se tornou meu amor.
Meu amor?
Olha eu aqui usando pronomes possesivos,
logo eu que odeio o uso de posse quando se trata de pessoas.
Mas creio que pelo fato de você estar sempre ali para mim eu me acostumei muito mal,
na minha cabeça não entra a idéia de que você possa não estar ali para mim.
Só para mim.

"Ninguém pode acreditar
Na gente separado
Eu tenho mil amigos mas você foi
O meu melhor "namorado"
(...)
Eu não consigo achar normal
Meninas do seu lado
Eu sei que não merecem mais que um cinema
Com meu melhor namorado"

Que um dia você saiba o tamanho do meu amor,
que um dia eu descubra se você me ama o bastante para me aguentar imperfeita como eu sou.
Essa história não acabou, não acabou ainda.
Eu sei disso, você também sabe.
Quem ama, sempre, acha uma forma de fazer com que tudo dê certo, nem que seja ao final de vários meses.

Inverno.


Perfeito seria se o frio congelante estivesse só lá fora..
bem longe.
Será que existe alguma maneira de derreter o gelo dentro do meu coração?